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História da Igreja em Pardilhó

No início do século XVI os portugueses e os espanhóis trouxeram da América o milho grosso, até então desconhecido na Europa. O novo cereal adaptou-se perfeitamente à região marinhoa, onde se insere Pardilhó, substituindo o trigo e aumentando bastante a produção, que por sua vez levou ao aumento populacional.

 

No fim do século XVI a população marinhoa era já suficiente para que se criassem novas igrejas, o que então aconteceu. Assim se autonomizaram de Avanca, mas sob tutela do seu Reitor, os curatos de Pardilhó e Bunheiro. Esta ordem manteve-se até 1833, ano da extinção dos padroados eclesiásticos em Portugal. A partir desta altura os curas de Pardilhó tornaram-se totalmente independentes do Reitor de Avanca, e passaram a usar também o título de Reitor.

 

A primeira igreja de S. Pedro de Pardilhó edificou-se no século XVII, possivelmente ampliando a capela anterior com a mesma invocação.

 

Ao longo do século XVIII seriam construídas as duas principais capelas do povoado. A primeira foi a de Nossa Senhora dos Remédios (1717), invocação local da Imaculada Conceição, e actualmente o edifício mais antigo que se conhece em Pardilhó. A segunda a de Santo António (1770-1926), que se situava no centro da freguesia, e foi sucedida por nova com o mesmo titular na Quinta do Rezende (1937).Na actual igreja, que vinha sendo construída desde 1812, celebrou-se pela primeira vez com dois baptismos no dia de S. Pedro de 1835. Nesse mesmo ano o Cura passou a assinar os Registos Paroquiais como Pároco.

 

Enquanto antes se sepultava na igreja antiga, sepultou-se pela primeira vez no cemitério (o velho) em 1835. Talvez por a actual igreja ter aberto ao culto na mesma altura, e por isso não chegou a acolher enterramentos, manteve-se o piso original dividido em taburnos, que raras igrejas hoje possuem.

 

Em 1863 veio paroquiar a freguesia o Pe. Caetano de Pina Abreu Sá Freire, de Avanca, tio e padrinho de Egas Moniz, a quem educou na sua casa em Pardilhó. Este sacerdote havia antes sido Abade noutra paróquia, e preferia que o tratassem por Abade e não Reitor. Os párocos que o sucederem mantiveram o uso do tratamento de Abade, ao invés do que seria mais correcto de Reitor.

 

Um pardilhoense ascendeu ao episcopado no ano de 1931, pela primeira e única vez: D. Manuel Maria Ferreira da Silva (1888-1974), com os títulos de Bispo e Gurza (1931-1949) e Arcebispo de Cizico (1949-1974). Desempenhou funções de Cónego e Abade da Sé do Porto (1927-1931), Bispo Auxiliar de Goa (1931-1949, Índia), Superior Geral da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas (1940-1949, Cucujães), e Presidente Nacional das Obras Missionárias Pontifícias (1949-1973, Lisboa).

 

Pardilhó que desde o início da nacionalidade pertencera à Diocese do Porto, integrou a nova Diocese de Aveiro com a sua restauração em 1938. Na segunda metade do século XX desenvolveu-se na paróquia a Acção Social, principalmente ligada ao Centro Paroquial de Assistência, criado em 1962.

 

Entre 1967 e 1969 decorreram obras de remodelação da igreja e a construção de um Centro Infantil em terreno anexo. Desse espaço o Centro Paroquial mudou-se para novas instalações em 1999 (inauguradas em 2001), sitas na Quinta do Rezende, que permitiram ampliar o conjunto de valências sociais e o número de pessoas por estas abrangidas.

Bodas de Ouro do Centro Paroquial de Assistência da Freguesia de Pardilhó

O Pe. Manuel Garrido, natural do Bunheiro, chegou a Pardilhó em 1955 como pároco. Aqui sensibilizou-se com as crianças pobres que ficavam entregues a si mesmas, enquanto os pais iam ganhar o sustento da família, apanhando pinhas para vender nas padarias. A primeira medida do sacerdote foi instituir “famílias de acolhimento”, em que uma criança de família com mais posses levava a almoçar em sua casa outra de família necessitada.

 

Este foi o impulso para a criação do Centro Paroquial de Assistência da Freguesia de Pardilhó, que teve aprovação Canónica em 30 de Abril de 1962, e dirigiu as suas atenções para a criação de uma Cantina Escolar. Com a ajuda do povo a cantina construiu-se no espaço das escolas de Pardilhó, e em 5 de Maio de 1963 foi inaugurada pelo Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade.

 

Entre 1967 e 1969 decorreram obras significativas na igreja de S. Pedro de Pardilhó, e em terreno anexo construiu-se o Salão Paroquial, com Centro Infantil (Jardim-de-infância). As duas obras, a cargo do construtor Francisco Farinhas, foram inauguradas a 6 de Janeiro de 1969, em cerimónia presidida pelo Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade.

 

Uma nova valência abriu em Setembro de 1974, a Creche, funcionando provisoriamente em salas anexas à própria igreja. Em 1982 os estatutos do Centro Paroquial foram revistos, ampliando o seu objecto para a assistência à infância, juventude, idosos e população desfavorecida em geral. No ano de 1988 realizaram-se melhorias no Salão Paroquial, também então ampliado para nascente, e para cujo espaço foi transferida a Creche.

 

O Centro Paroquial de Assistência constitui o maior legado do Pe. Manuel Garrido, que foi pároco de Pardilhó de 1955 a 1987, num total aproximado de 33 anos.

No início de 1992 o Pe. Pedro Cerantola (animador vocacional e pároco a partir de 1993) e o Pe. Hugo Fent (pároco) concluíram que o Centro Paroquial não reunia condições capazes para as suas valências. Assim, decidiu-se a construção de um espaço maior e mais saudável, para o que se iniciou a procura de terrenos. Nessa busca surgiu a possibilidade de construir na Quinta do Rezende, que pertencia à Misericórdia de Estarreja.

 

Solicitado apoio financeiro à Segurança Social, esta mostrou-se indisponível para apoiar a construção de um Lar de Idosos, mas favorável a um Centro de Dia. A ideia avançou, e na Quinta do Rezende viria a ser cedido espaço ao Centro Paroquial, para construção do seu Infantário, Creche e Centro de Dia. Os projectos ficaram prontos em 1995 e a obra foi adjudicada, iniciando-se de facto no terreno em 1996. A nova casa do Centro Paroquial entrou em funcionamento em 1999, com algumas obras exteriores por concluir, e foi formalmente inaugurada em 2001.

 

Com uma casa maior, aumentaram as valências e o número de beneficiários servidos pelas mesmas. Para as crianças, Creche, Jardim-de-infância e ATL. Para os idosos, Centro de Dia, Centro de Convívio, e Apoio Domiciliário. Acresce o Gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social. As antigas instalações continuaram a albergar algumas valências sociais, caso da Cáritas.

 

Esta nova fase da obra social do Centro Paroquial, que germinou na década de 1990, teve à cabeça o Pe. Pedro Cerantola, sacerdote missionário das comunidades migrantes, natural de Itália, e pároco de Pardilhó entre 1993 e 2000.

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